O ácido L-ascórbico é vital para o funcionamento das
células, e isso é particularmente evidente no tecido conjuntivo,
durante a formação do colágeno.Na pele, colágenos tipos I
e III contribuem com 85 a 90% e 8 a 11% do colágeno total sintetizado,
respectivamente.O AA é co-fator para duas enzimas
essenciais na biossíntese do colágeno. A lisil e a prolil hidroxilases
catalisam a hidroxilação dos resíduos prolil e lisil nos polipeptídeos
colágenos, e essas modificações pós-translacionais
permitem a formação e estabilização do colágeno de tripla hélice,
e sua subseqüente secreção no espaço extracelular como
procolágeno. O procolágeno é então transformado em tropocolágeno,
e finalmente fibras colágenas são formadas por um rearranjo
espacial espontâneo das moléculas tropocolágenas.Conseqüentemente, a hidroxilação é uma fase crítica na biossíntese
de colágeno, uma vez que regula a formação da tripla
hélice, da excreção do procolágeno e do cross-linking do tropocolágeno.
A lisil e a prolil hidroxilase são enzimas férricas. A
vitamina C, como co-fator, previne a oxidação do ferro e, portanto,
protege as enzimas contra a auto-inativação. Dessa
forma, promove a síntese de uma trama colágena madura e normal
por meio da perfeita manutenção da atividade das enzimas
lisil e propil hidroxilases. Além de atuar como importante cofator
para as enzimas já citadas, tem sido demonstrado que a
vitamina C regula também a síntese de colágeno tipo I e III,
pelos fibroblastos dérmicos humanos. Trabalho recente
demonstrou que, embora a capacidade proliferativa e a síntese
de colágeno sejam idade-dependentes, o ácido ascórbico é
capaz de estimular a proliferação celular, bem como a síntese de
colágeno pelos fibroblastos dérmicos, independente da idade do
paciente O AA foi capaz de vencer a capacidade proliferativa
reduzida dos fibroblastos dérmicos de indivíduos idosos (78-93
anos), assim como aumentar a síntese de colágeno em níveis
similares aos de células de recém-natos (três a oito dias devida). Esses resultados sugerem que os níveis basais reduzidos
da síntese de colágeno em "células velhas" não são devidos a
níveis reduzidos de RNA-m dos colágenos I e III, mas sim a
eventos reguladores pós-translacionais. Sendo assim, uma vez
que o AA é capaz de superar a proliferação diminuída dos fibroblastos
dérmicos na pele envelhecida e, ao mesmo tempo, induzir
a síntese de colágeno tipos I e III, ele deve se mostrar vantajoso
e benéfico no processo de cicatrização. A matriz extracelular dérmica é responsável pela capacidade
elástica e de resistência da pele. Sua alteração, particularmente
no curso do envelhecimento, repercutirá na perda das
propriedades mecânicas cutâneas e no desenvolvimento das
rugas. As modificações quantitativas desses dois tipos de colá-
geno (I e III) durante o envelhecimento foram descritas tanto in
vitro como in vivo relacionadas à intensidade de irradiação
UV.
21,22,23
Foi demonstrado que a produção dos colágenos I e
III é estimulada pelo AA, porém mais intensamente no caso
do colágeno tipo I. A exposição solar é um acelerador do
envelhecimento celular dérmico, sobretudo em sua capacidade
de sintetizar os constituintes da matriz celular, mesmo
em resposta ao estímulo pelo AA. Os fibroblastos da região
pré-auricular (fotoexposta) tiveram sua capacidade de resposta
ao AA menor do que a dos fibroblastos da região
mamária (não fotoexposta). Ficou demonstrado que,
mesmo na camada dérmica, fatores ambientais, como
fotoexposição, podem afetar a resposta dos fibroblastos e
acelerar o envelhecimento celular. A partir dessas considerações,
sugere-se que a diminuição da resposta ao AA possa
ser utilizada para quantificar o envelhecimento celular na
derme humana, evidenciando a eficácia do tratamento com
AA no envelhecimento cutâneo.O mecanismo pelo qual o AA atua na síntese de colá-
geno é complexo e ainda não totalmente esclarecido.
Recentemente ficou demonstrado que a vitamina C tópica
aumenta o nível de RNA-m dos colágenos I e III, suas enzimas
de conversão e o inibidor tissular das metaloproteinases
matriciais do tipo 1, na derme humana. As proteínas da matriz do tecido conjuntivo são
degradadas por várias proteases, principalmente as metaloproteinases,
dentre as quais se destacam as colagenases
intersticiais, que mediam o passo inicial da degradação do
colágeno. O papel do AA no metabolismo do tecido conjuntivo
tem sido reconhecido há muito tempo, mas, sobretudo a
partir do século 16, quando o escorbuto começou a ser prevenido
com sumo de frutas cítricas, isso ficou mais evidente.
Depois, o AA foi tido como co-fator essencial na hidroxilação
da prolina e da lisina, aminoácidos necessários para
estrutura e função do colágeno. Estudos conduzidos com
cultura de fibroblastos de pele humana demonstraram que o
AA estimularia a síntese de colágeno preferencialmente sem
afetar a síntese de proteínas não colágenas. Esse efeito não
estaria relacionado à propriedade de co-fator, do AA, nas
reações de hidroxilação pós-translacionais envolvendo asíntese de colágeno, mas sim mediante transcrição genética.
A mensuração dessa atividade revelou aumento das cadeias
pró-alfa1(I) e pró-alfa 2(I) de quatro vezes e da pró-
alfa1(III) de três vezes, na presença de AA sem aumento na
atividade transcritora de genes não colágenos. O AA estimula a síntese de colágeno especificamente,
aumentando os níveis de RNA-m para três diferentes
cadeias pró-alfa, codificadas por genes que estão localizados
em três cromossomas distintos.A pró-alfa 1, no cromossoma
17,29 a pró-alfa no cromossoma 7, e a pró-alfa 3
no cromossoma 2.30 Possivelmente, o AA atua diretamente,
estimulando a transcrição individual dos genes ou, de alguma
maneira, a estabilidade do RNA-m individual.
Postado por Sarah Cabral
18 de maio
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